Mequinho: o gênio brasileiro que desafiou a elite do xadrez mundial
Primeiros passos e ascensão precoce
Henrique Mecking, o Mequinho, surgiu como fenômeno ainda na adolescência. Em 1965 e 1967, conquistou o Campeonato Brasileiro com performances marcantes. Seu talento chamou a atenção do mundo enxadrístico, mesmo em uma época em que o Brasil tinha pouca tradição no cenário internacional.
Em 1972, ele se tornou o primeiro Grande Mestre Internacional (GM) do Brasil e de toda a América do Sul — um feito extraordinário, já que o título era raríssimo fora da Europa. Não demorou para que o mundo o reconhecesse como um dos maiores talentos da década.

O auge nos anos 1970
O ponto alto da carreira de Mequinho veio na década de 1970. Em janeiro de 1977, alcançou o rating de 2635 e o terceiro lugar no ranking da FIDE, ficando atrás apenas de Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi.
Além disso, brilhou nos ciclos do Campeonato Mundial de Xadrez. Em 1973, venceu o Interzonal de Petrópolis de forma invicta. Classificou-se para o Torneio de Candidatos, onde foi eliminado nas quartas por Korchnoi. Em 1976, repetiu o feito ao vencer o Interzonal de Manila, mas foi superado por Lev Polugaevsky.
Esses resultados colocaram Mequinho entre os maiores jogadores do mundo, em um tempo em que a hegemonia soviética dominava o xadrez.
A interrupção forçada e o retorno surpreendente
No auge da carreira, em 1978, Mequinho foi diagnosticado com miastenia gravis, uma doença autoimune grave. Isso o afastou dos tabuleiros por mais de uma década. Apesar disso, sua reputação permaneceu intacta entre os especialistas e fãs.
Depois disso, em 1991, surpreendeu o mundo ao retornar à ativa. Enfrentou jogadores de elite como Predrag Nikolić e Yasser Seirawan, mostrando que sua técnica permanecia afiada, mesmo após anos longe das competições.
Fé, legado e reconhecimento
Além de seu talento, Mequinho é conhecido por sua profunda religiosidade. Católico praticante, ele associa sua fé à superação da doença e aos momentos decisivos da vida e da carreira.
Ele também compartilhou seus conhecimentos no livro Mequinho – o Xadrez de um Grande Mestre, onde comenta algumas de suas partidas mais marcantes com uma abordagem didática e reflexiva.
Hoje, é amplamente reconhecido como o maior enxadrista brasileiro da história. Seu legado vai além das conquistas individuais: ele abriu caminho para novas gerações e ajudou a colocar o xadrez brasileiro no mapa internacional.
Fontes:
- Chess Notes – Edward Winter: “Henrique Mecking”
- Chessgames.com – Perfil e partidas de Mecking
- Rafael Leitão – “6 acontecimentos marcantes do xadrez brasileiro”
- Chess.com – Livro sobre Mequinho
- The Chess World – “Learning from the legends – Henrique Mecking”
- ChessP.com – Perfil e trajetória
- 2700chess.com – Histórico de ratings